domingo, 20 de julho de 2014

Acidentes com aranhas

Acidentes causados por aranhas são comuns, porém a maioria não apresenta repercussão clínica. Os gêneros de importância em saúde publica no Brasil são:
Loxosceles (aranha-marrom):

Não é agressiva, pica geralmente quando comprimida contra o corpo. Tem um centímetro de corpo e até três de comprimento total. Possui hábitos noturnos, constrói teia irregular como “algodão esfiapado”. Esconde-se em telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de moveis, quadros, rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, porões, e outros ambientes com pouca iluminação e movimentação. A lesão cutânea do loxoscelismo surge horas após a picada com eritema e edema, evoluindo com dor, equimose, palidez (“placa marmórea”) e necrose. Pode haver, mais raramente, hemólise intravascular e insuficiência renal aguda. O tratamento é fito com soro antiloxoscelico ou antiaracnídico.
Phoneutria (aranha armadeira ou macaca):

Bastante agressiva, assume posição de defesa saltando até 40 cm de distancia. O corpo pode atingir 4 cm e 15 cm de envergadura. É caçadora, com atividade noturna. Abriga-se sob troncos, palmeiras, bromélias, e entre folhas de bananeira. Pode se alojar em sapatos, atrás de moveis, cortinas, sob vasos, entulhos, material de construção, etc. No foneutrismo as alterações locais predominam com dor imediata, edema discreto, parestesia e sudorese, cujo tratamento é sintomático. O quadro sistêmico é raro, presente em crianças menores de 7 anos, com instabilidade hemodinâmica, edema pulmonar agudo e choque; nesses casos é indicado o soro antiaracnídico.
Latrodectus (viúva-negra):

Não é agressiva. A fêmea pode chegar a 3 cm e o macho a 2 a 3 mm. Tem atividade noturna e habito gregário, faz teia irregular em arbustos, gramíneas, cascas de côco, canaletas de chuva, sob pedras. É encontrada próxima ou dentro das casas, em ambientes sombreados, como frestas, sob cadeiras e mesas de jardins. No latrodecismo, há dor local imediata progressiva, sudorese, hipertensão arterial, taquicardia, contraturas musculares, bradicardia e choque. Não há soro disponível.

Acidentes causados por outras aranhas podem ser comuns, porem sem relevância. No ambiente domestico, é comum encontrar aranhas que fazem teias geométricas e que não representam risco à saúde.
São as aranhas-de-jardim (Lycosa sp) e as caranguejeiras:

 A elas são atribuídas erroneamente lesões dermatológicas de naturezas diversas, como infecção cutânea, reação alérgica etc.
Nem todos os casos de araneismo requerem soroterapia. No entanto, quando indicada deve ser administrada o mais precocemente possível. Os soros estão disponíveis em unidades de saúde de referencia em todos os municípios.
Apesar das aranhas serem encontradas no peri e intradomicílio, o controle com inseticidas não é recomendado pois à irritação causada pelo produto químico pode desalojar os animais de seus abrigos, aumentando o risco de acidente.
Apesar dos três gêneros de aranhas serem encontradas em todo o território, o loxoscelismo predomina na região sul, particularmente no Paraná; já o latrodecismo é mais comum no litoral nordestino, e o foneutrismo é mais notificado em São Paulo e no Sul.

A sazonalidade no loxoscelismo determina uma maior freqüência de casos entre novembro e março, enquanto no foneutrismo entre abril e junho. Os acidentes acometem tanto homens como mulheres, sendo mais comum em adultos jovens.



Referências: Assustadores e Venenosos Disponível em: <http://www.fiocruz.br/sinitox_novo/media/animais_peconhento_1.pdf>

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