terça-feira, 29 de julho de 2014

Animais Marinhos Peçonhentos

CONUS: 

O conus é um molusco que habita o interior de uma concha espiralada, cônica e assimétrica medindo de 2 a 5 cm e coloração não padronizada e é encontrado em todo o litoral brasileiro, este animal possui um pequeno tubo como um “sifão” que ele usa para prover a água rastreando assim suas presas. Possui também uma pequena tromba com um dente radicular ou dardo de 1,5mm que é usada para imobilizar pequenos peixes. Momentos antes de disparar o dardo o mesmo é preenchido por substância peçonhenta que tem efeito considerável no ser humano. 
De acordo com a espécie a picada pode produzir desde um efeito simples como prurido local ou parestesia (Parestesias são sensações cutâneas subjetivas (ex., frio, calor, formigamento, pressão, etc... que são vivenciadas espontaneamente na ausência de estimulação.) evoluindo para a ataxia (Ataxia reflete uma condição de falta de coordenação dos movimentos podendo afetar a força muscular e o equilíbrio de uma pessoa. É normalmente associada a uma degeneração ou bloqueio de áreas específicas do cérebro e cerebelo.), tremores, dispinéia (Dispnéia ou falta de ar é um sintoma no qual a pessoa tem desconforto para respirar, normalmente com a sensação de respiração incompleta.) e disturbios sensoriais na motricidade e sensibilidade. Na maioria das vezes a picada é extremamente dolorosa, mais se o caso ocorrer nos oceanos Indico ou pacífico pode ser letal por existir espécies de peçonha que levam a complicações fatais ao ser humano. 
A indicação de tratamento mais usual é similar ao tratamento inicial de mordeduras de cobras peçonhentas, que vem a ser, colocar a vítima em repouso para evitar que a peçonha se espalhe, colocar bandagem sobre o ferimento causando uma leve pressão e diferindo somente ao ministrar compressas de agua quente, por volta de 50º celsius para diminuir a dor e é uma medida de suporte para evitar complicações cardiorespiratória e cardiovasculares, e o estado de choque nos casos mais graves e levar o paciente o mais rápido a uma unidade médica.



RAIA BICUDA OU RAIA MANTEIGA (Dasyatis americana) :

Características das arraias corpo cartilaginoso como seus primos os tubarões, tem corpo discóide. Seus hábitos podem ser bentônicos passando maior parte do tempo enterrada no fundo arenoso ou pelágico, em constante deslocamento natatório, e esconde de um a cinco ferrões ósseos em sua cauda, dependendo da espécie, geralmente usados em um ato de reflexo sempre para defesa Seu veneno, segundo relatos, pode até matar um homem ou levar a dores fortíssimas. A cauda de determinadas espécies que pode alcançar comprimento duas vezes maior que o corpo. A carne das arraias é na maioria das vezes pouco apreciadas para consumo humano. 
A melhor forma de prevenção é evitar manuseá-las e andar arrastando o pé no fundo arenoso para afugentá-las e evitar pisar sobre as mesmas, mais no caso de acidentes com estes animais é aconselhado banhar a área com água quente por volta de 50º Celsius e atendimento médico urgente devido à dor causada por estes animais. 
Outras raias peçonhentas cujos procedimentos são similares entre elas. 
- Raia pintada ou raia chita (Aetobatus narinari) 
- Raias prego (Dasyatis sp.) 
- Raia sapo (Myliobatis goodei) 
- Raia ticonha ou raia boi (Rhinoptera sp.) 
- Raia lixa (Dasyatis guttata)






 OURIÇO DO MAR: 

Quem pratica pesca em tocas nos costões pedregosos conhece bem este habitante do mar, mais talvez desconheça o fato dele representar perigo a mergulhadores e banhistas. 
E para quem não conhece este animalzinho, ele possui de 6 a 12 cm, corpo coberto por espinhos, os da parte inferior efetuam o trabalho de pseudo pernas e na captura de alimento, os demais na defesa do ouriço. 
Os espinhos são formado de um tipo de cone afiado e oco, muito quebradiço e recoberto de um muco urticante. A lesão neste caso ocorre por esbarrar ou pisar no animal e é bastante parecido com uma farpa o diferencial é que a farpa é quebradiça e o muco urticante pode causar inflamação local, inchaço, dor e febre. 
Se a penetração for pequena o tratamento indicado é a remoção cuidadosa dos espinhos 
Que pode soltar um pigmento escuro dando a impressão de estar roxo o local, não suturar devido à possibilidade de infecção posterior que caso ocorra deve ser tratada com compressas de água quente superior a 50º Celsius pelo fato da substancia urticante ser de composição protéica e para diminuição da dor e tratamento antibióticos segundo orientação médica e medicações de controle de reações alérgicas.  Já os inferiores em algumas espécies podem possuir em cada ponta três mandíbulas inoculadoras de peçonha, e a prevenção é o mais indicado, bastando não manuseá-lo mais se isso for realmente necessário que a área de toque não esteja desnuda.

sábado, 26 de julho de 2014

Lacraia peçonhenta

As lacraias, também conhecidas como "centopéias", são animais caçadores noturnos muito rápidos e têm o corpo adaptado para penetrar em frestas, onde se escondem durante o dia. Podem medir até 23cm e se alimentam de insetos, lagartixas, camundongos e até filhotes de pássaros.


Têm o corpo formado por 21 segmentos, cada um com um par de patas pontiagudas. Em sua cabeça situam-se duas antenas e olhos. Embaixo dela ficam os ferrões venenosos que funcionam como pinças. O último par de patas não serve para locomoção, e sim como órgão sensorial e de captura de alimentos. Quando esse órgão pressente ou toca em uma presa, a segura com força e todo corpo da lacraia se dobra para trás. Aí, então, ela injeta o veneno que paralisará ou matará a presa, que depois será ingerida aos pedaços.

O veneno das lacraias é muito pouco tóxico para o homem. Embora existam muitas lendas a respeito desse animal, não há, no Brasil, relatos comprovados de morte nem de envenenamentos graves em acidentes com lacraias. 
Os sintomas são: dor forte e inchaço (edema) no local da picada. Em acidentes com lacraias grandes também podem ocorrer febre, calafrios, tremores e suores, além de uma pequena ferida.

As lacraias gostam muito de umidade. Os acidentes podem ser evitados com as seguintes precauções:
- Limpe os ralos semanalmente com creolina e água quente, e mantê-los fechados quando não em uso;
- Limpe e mantenha fechadas as caixas de gordura e os esgotos;
- Limpe os jardins, apare a grama e afaste as plantas ornamentais e trepadeiras das casas. Além disso, pode-as para que os galhos não toquem o chão;
- Não use porões, garagens e quintais como depósito para objetos fora de uso que possam servir de esconderijo para as lacraias;
- Cuide dos muros e calçamentos para que não apresentem frestas onde a umidade se acumule e os animais possam se esconder.

Em caso de acidente: não beba álcool. Mantenha o local da picada o mais limpo possível. Embora o veneno das lacraias não seja muito perigoso para o ser humano, é bom procurar orientação médica.

Abelhas e Vespas Peçonhentas

As vespas são consideradas animais peçonhentos por possuir, como as abelhas, um ferrão na região posterior do corpo que serve para inocular veneno.
(Vespula sp)

Sua picada pode causar reações alérgicas, cuja gravidade depende da sensibilidade do indivíduo, local e número de picadas, sendo aconselhável procurar atendimento médico.



abelha é considerada um animal peçonhento por possuir um ferrão na região posterior do corpo que serve para inocular veneno.
(Apis mellifera)


Sua picada pode causar reações alérgicas, cuja gravidade depende da sensibilidade do indivíduo, local e número de picadas, sendo aconselhável procurar atendimento médico em caso de acidente.


            Os acidentes são bastante comuns e, em geral, tem curso benigno. Entretanto, podem, eventualmente, desencadear complicações graves. Os acidentes apresentam manifestações clinicas distintas, dependendo da sensibilidade do indivíduo ao veneno e do número picadas. O acidente mais frequente é aquele no qual um indivíduo não-sensibilizado ao veneno é acometido por poucas picadas. Outra forma de apresentação clinica é aquela na qual o indivíduo previamente sensibilizado a um ou mais componentes do veneno, manifesta reação e hipersensibilidade imediata, é ocorrência grave pode ser desencadeada por apenas uma picada; exige a intervenção imediata do medico. A  terceira forma de apresentação deste tipo de acidente é a de múltiplas picadas. Geralmente  ocorre com abelhas do gênero Apis, quando o doente é  atacado por um enxame. Nesse caso, ocorre inoculação e grande quantidade de veneno, devido ás múltiplas picadas, centenas ou milhares.



Medidas preventivas

Na realidade não se pode prever a chegada de um enxame e/ou estabelecimento de uma colmeia ou 
vespeiro num local. Porém, existem algumas orientações importantes a fim de evitar acidentes.
Em caso de enxame viajante, vespeiro ou colmeia instalada:
·         Não jogar nenhum produto sobre o enxame, vespeiro ou colmeia, como álcool, querosene, água ou inseticida, porque neste caso elas podem se sentir ameaçadas e picar;
·         Retirar do local ou das proximidades pessoas apavoradas, alérgicas à picada de abelhas e/ou vespas, crianças e animais;
·         Não bater, ou tocar ou fazer movimentos bruscos e ruidosos próximos à colmeia e vespeiro;
·         Entrar em contato com o telefone 156, para relatar ou denunciar o problema, assim que for detectado, para o órgão competente Covisa-CCZ encaminhar uma equipe técnica para avaliação e adoção das medidas adequadas para solucionar a questão.
·         Em caso de reincidência de instalação do vespeiro ou colmeia no mesmo lugar, deve-se tomar providencias no sentido de eliminar esse abrigo, com, por exemplo, vedar frestas ou buracos por onde elas adentraram, remover materiais inservíveis (caixotes, móveis, pneus, etc), renovar a pintura ou verniz, entre outros.

Sinais e sintomas

- Reação inflamatória local, com pápulas eritematosas, dor e calor;
- Edema de glote e broncos pasmo acompanhado de choque anafilático;
- Dor generalizada, prurido intenso e agitação, podendo posteriormente, evoluir para estado torporoso.

Tratamento

- A utilização combinadas de anti-histamínicos, corticosteróide e meperidinacontribui para controlar a dor, o prurido e a agitação. A utilização de anti-histamínicos, corticosteróide e adrenalina, assim como a traqueostomia e/ou a intubação endotraquea, seguida de ventilação artificial, contribui para controlar  a insuficiência respiratória. O tratamento de poucas picadas em indivíduos não-sensibilizados deve ser á base de anti-histamínicos sistêmicos e corticosteróides tópicos.alem disso deve-se adicionar corticóides tópicos isoladamente ou associado ao mentol a 0,5%.    

Vídeo: Primeiros socorros em caso de picada por um animal peçonhento

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Acidentes Com Escorpiões

Acidentes escorpiônicos ou escorpionismo é o quadro de envenenamento provocado pela introdução de veneno através de aparelho inoculador (ferrão) de escorpiões.
De importância medica no Brasil são os representantes do gênero Tityus, com varias espécies descritas:
T. serrulatus (escorpião amarelo): Com ampla distribuição desde a Bahia ate o Paraná e região central do país, representa a espécie de maior preocupação em função do maior potencial de gravidade do envenenamento e pela expansão em sua distribuição geográfica no pais, facilitada por sua reprodução partenogenética (só existem fêmeas) e fácil adaptação ao meio urbano.





T. bahiensis (escorpião-marrom): Encontrado em todo o pais, com exceção da região Norte.






T. stigmurusespécie mais comum no Nordeste.


 T. paraensis (escorpião-preto) e T. metuendus: encontrados na Amazônia. De acordo com a distribuição das espécies de escorpiões encontrados no país, pode haver variação regional nas manifestações clínicas. 


Porém, de modo geral, o envenenamento escorpiônico determina alterações locais e sistêmicas, decorrentes da estimulação de terminações nervosas sensitivas, motoras e do sistema nervoso autônomo. A grande maioria dos acidentes é leve e o quadro local tem inicio precoce e duração limitada, no qual adultos apresentam dor imediata, eritema e edema leves, piloereção e sudorese localizadas, cujo tratamento é sintomático. Mioclonias e fasciculaçoes são descritas em alguns acidentes por T. paraensis
Já crianças abaixo de 10 anos apresentam maior risco de alterações sistêmicas nas picadas por T. serrulatus, que podem levar a casos graves e requerem soroterapia especifica em tempo adequado.
O quadro inicia-se com dor local imediata, eritema e sudorese ao redor da picada. Em crianças, nas primeiras 2-3 horas, podem surgir sudorese, agitação psicomotora, tremores, náuseas, vômitos, sialorreia, hipertensão ou hipotensão arterial, arritmia cardíaca, edema pulmonar agudo e choque. Os soros estão disponíveis em unidades de saúde de referencia em todos os municípios. O tratamento da dor é sintomático, com analgésicos ou infiltração anestésica. Os acidentes leves que apresentam somente dor local não requerem soroterapia. No entanto, nos casos moderados e graves deve ser administrada o mais precocemente possível com o soro antiescorpiônico ou antiaracnídico.
Os escorpiões são animais carnívoros e alimentam-se de grilos e baratas. Tem hábitos noturnos e muitas espécies vivem em áreas urbanas, onde encontram abrigo dentro ou próximo das casas, onde encontram farta alimentação. Podem sobreviver vários meses sem água ou alimento, o que torna seu controle químico com inseticidas praticamente inexequível.

Prevenção de Acidentes Aracnídeos (escorpiões e aranhas)
  •  Examinar roupas (inclusive as de cama), calçados, toalhas de banho e de rosto, panos de chão e tapetes, antes do usar;
  •  Usar luvas de raspa de couro ou similar e calçados fechados durante o manuseio de materiais de construção, transporte de lenha, madeira e pedras em geral;
  •  Manter berços e camas afastados, no mínimo 10 cm, das paredes e evitar que mosquiteiros e roupas de cama esbarrem no chão;
  •  Tomar cuidado especial ao encostar-se a locais escuros, úmidos e com presença de baratas. 

Primeiros Socorros:
  •  Limpar o local com água e sabão;
  •  Procurar orientação medica imediata e mais próxima do local da ocorrência do acidente;
  •  Se for possível, capturar o animal e levá-lo ao serviço de saúde pois a identificação dos escorpiões ou aranhas causadores do acidente pode auxiliar o diagnostico. 





domingo, 20 de julho de 2014

Acidentes com aranhas

Acidentes causados por aranhas são comuns, porém a maioria não apresenta repercussão clínica. Os gêneros de importância em saúde publica no Brasil são:
Loxosceles (aranha-marrom):

Não é agressiva, pica geralmente quando comprimida contra o corpo. Tem um centímetro de corpo e até três de comprimento total. Possui hábitos noturnos, constrói teia irregular como “algodão esfiapado”. Esconde-se em telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de moveis, quadros, rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, porões, e outros ambientes com pouca iluminação e movimentação. A lesão cutânea do loxoscelismo surge horas após a picada com eritema e edema, evoluindo com dor, equimose, palidez (“placa marmórea”) e necrose. Pode haver, mais raramente, hemólise intravascular e insuficiência renal aguda. O tratamento é fito com soro antiloxoscelico ou antiaracnídico.
Phoneutria (aranha armadeira ou macaca):

Bastante agressiva, assume posição de defesa saltando até 40 cm de distancia. O corpo pode atingir 4 cm e 15 cm de envergadura. É caçadora, com atividade noturna. Abriga-se sob troncos, palmeiras, bromélias, e entre folhas de bananeira. Pode se alojar em sapatos, atrás de moveis, cortinas, sob vasos, entulhos, material de construção, etc. No foneutrismo as alterações locais predominam com dor imediata, edema discreto, parestesia e sudorese, cujo tratamento é sintomático. O quadro sistêmico é raro, presente em crianças menores de 7 anos, com instabilidade hemodinâmica, edema pulmonar agudo e choque; nesses casos é indicado o soro antiaracnídico.
Latrodectus (viúva-negra):

Não é agressiva. A fêmea pode chegar a 3 cm e o macho a 2 a 3 mm. Tem atividade noturna e habito gregário, faz teia irregular em arbustos, gramíneas, cascas de côco, canaletas de chuva, sob pedras. É encontrada próxima ou dentro das casas, em ambientes sombreados, como frestas, sob cadeiras e mesas de jardins. No latrodecismo, há dor local imediata progressiva, sudorese, hipertensão arterial, taquicardia, contraturas musculares, bradicardia e choque. Não há soro disponível.

Acidentes causados por outras aranhas podem ser comuns, porem sem relevância. No ambiente domestico, é comum encontrar aranhas que fazem teias geométricas e que não representam risco à saúde.
São as aranhas-de-jardim (Lycosa sp) e as caranguejeiras:

 A elas são atribuídas erroneamente lesões dermatológicas de naturezas diversas, como infecção cutânea, reação alérgica etc.
Nem todos os casos de araneismo requerem soroterapia. No entanto, quando indicada deve ser administrada o mais precocemente possível. Os soros estão disponíveis em unidades de saúde de referencia em todos os municípios.
Apesar das aranhas serem encontradas no peri e intradomicílio, o controle com inseticidas não é recomendado pois à irritação causada pelo produto químico pode desalojar os animais de seus abrigos, aumentando o risco de acidente.
Apesar dos três gêneros de aranhas serem encontradas em todo o território, o loxoscelismo predomina na região sul, particularmente no Paraná; já o latrodecismo é mais comum no litoral nordestino, e o foneutrismo é mais notificado em São Paulo e no Sul.

A sazonalidade no loxoscelismo determina uma maior freqüência de casos entre novembro e março, enquanto no foneutrismo entre abril e junho. Os acidentes acometem tanto homens como mulheres, sendo mais comum em adultos jovens.



Referências: Assustadores e Venenosos Disponível em: <http://www.fiocruz.br/sinitox_novo/media/animais_peconhento_1.pdf>

sábado, 19 de julho de 2014

O que devemos saber sobre serpentes peçonhentas

Acidente ofídico ou ofidismo é o quadro de envenenamento decorrente da inoculação de toxinas através do aparelho inoculador (presas) de serpentes.
Anualmente ocorrem aproximadamente 28.000 acidentes ofídicos no Brasil, apresentando uma letalidade de 0,4%. Entretanto, esses dados epidemiológicos talvez não correspondam à realidade devido às subnotificações. O número de óbitos gira entorno de 300 por ano. Antes da produção e distribuição do soro anti-ofídico por Vital Brazil em 1901, era estimada uma letalidade de 25% entre as vítimas de acidentes ofídicos no Estado de São Paulo. Já em 1906 houve uma redução de 50% dos óbitos e 40 anos depois a letalidade variava entre2,6 a 4,6%.
A maioria destes acidentes ocorre com trabalhadores rurais do sexo masculino com idade entre 15 a 49 anos e os membros inferiores são os mais atingidos. As serpentes não apresentam interesse em picar uma pessoa e, quando fazem isso, é para se defenderem. E no Brasil nenhuma espécie peçonhenta vem intencionalmente até uma pessoa para picá-la, são as pessoas que não percebem a presença da cobra e se aproximam dela. Por isso, toda atenção é recomendada quando estamos nos habitats desses animais.
No Brasil ocorrem aproximadamente 380 espécies de serpentes, sendo 60 peçonhentas. As serpentes peçonhentas apresentam glândulas de veneno desenvolvidas associadas a um aparelho inoculador (dentes), cuja função primária é a subjugação (matar) e digestão de suas presas. Apesar da função primária do veneno das serpentes ser a captura de suas presas, ele pode ser usado secundariamente como defesa, causando acidentes em seres humanos. 

São quatro grupos de serpentes peçonhentas que podem causar acidentes ofídicos no Brasil: 

Grupo I - Acidente Botrópico: Gêneros Bothrops e Bothrocophias (conhecidas popularmente como jararacas, caiçaca, urutu-cruzeiro, jararacuçu, surucucu, cotiara, boca-de-sapo).

Jararaca ou Caissaca (Bothrops moojeni)



Grupo II - Acidente Crotálico: Gênero Crotalus (conhecidas popularmente como cascavéis).
Cascavel (Crotalus durissus) 


Grupo III - Acidente Laquético: Gênero Lachesis (conhecidas popularmente como pico-de-jaca, bico-de-jaca, surucucu-pico-de-jaca e surucutinga).
Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta) 



 Grupo IV - Acidente Elapídico: Gêneros Micrurus e Leptomicrurus (conhecidas popularmente como corais-verdadeiras). 
Coral-verdadeira (Micrurus lemniscatus)


Os gêneros Micrurus e Leptomicrurus  apresentam dentição proteróglifa (dentes inoculadores relativamente pequenos e fixos, localizados anteriormente na maxila superior). São 29 espécies de corais-verdadeiras no Brasil.
Os gêneros BothropsBothrocophiasCrotalus e Lachesis apresentam dentição solenóglifa (dentes inoculadores localizados anteriormente na maxila superior, que se projetam num ângulo de 90º no momento do bote). São 28 espécies de jararacas, surucucus e cascavéis no Brasil.

Para o reconhecimento de serpentes peçonhentas, observa-se se a mesma apresenta a fosseta loreal. A fosseta loreal é um pequeno orifício localizado lateralmente na cabeça entre o olho e a narina. Este órgão sensorial termorreceptor, permite que os viperídeos (família de répteis escamados da subordem Serpentes) localizem suas presas pela detecção da temperatura das mesmas.




Se a serpente possuir um guizo ou chocalho na porção terminal da cauda, trata-se de uma cascavel (Crotalus durissus).



 Se a serpente apresentar a ponta da cauda com as escamas eriçadas e o formato das escamas dorsais parcialmente salientes, parecendo a "casca de uma jaca", trata-se de uma surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta).



 Se a serpente apresentar a ponta da cauda normal, trata-se de uma espécie de jararaca (Bothrops spp. ou Bothrocophias sp.).



Os viperídeos ainda apresentam escamas dorsais carenadas (parecendo "casca de arroz") e a pupila do olho elíptica ou vertical.





Entretanto, espécies não peçonhentas como a jiboia (Boa constrictor), salamanta (Epicrates cenchria) e a dormideira (Dipsas indica) apresentam a pupila do olho também vertical por serem de hábitos noturnos. Alguns colubrídeos (ex. Cobra-d´´agua -Helicops spp. e a Papa-ovo Pseustes spp.) também apresentam escamas carenadas e não são peçonhentos.
  
 As cobras corais (Micrurus spp. e Leptomicrurus), não apresentam a fosseta loreal, possuem um olho pequeno e as escamas dorsais são lisas (não carenadas). Quando uma serpente apresentar o padrão de colorido tipo "coralino", com anéis pretos, amarelos (ou brancos) e vermelhos, a mesma deve ser tratada como uma possível coral-verdadeira. Algumas corais amazônicas não apresentam anéis coloridos (vermelho, laranja ou amarelo) pelo corpo (ex. M. albicinctus).




CONFUSÃO COM OS NOMES POPULARES
Poucas vítimas levam até o hospital a serpente causadora do acidente, sendo que o reconhecimento do gênero causador se faz pelo diagnóstico clínico (observação dos sintomas) na maioria das vezes. Nota-se aqui o perigo de confusão com os nomes populares e a associação destes com os nomes científicos.
Uma mesma espécie pode ter mais de um nome popular (ex. Bothrops atrox B. moojeni podem ser chamadas de jararaquinha-do-rabo-branco, jararaca e jararacão de acordo com o tamanho do espécime). Outro exemplo é B. atrox que em várias regiões da Amazônia é conhecida como jararaca, mas no Estado do Acre e em algumas regiões do Amazonas recebe o nome de surucucu, e o nome surucucu é apresentado em livros para designar a Lachesis muta (Que é conhecida na Amazônia como Pico-de-jaca ou Surucucu-pico-de-jaca). Em alguns lugares do Amazonas B. atrox é conhecida também como combóia.


CARACTERÍSTICAS DOS ACIDENTES

ACIDENTE BOTRÓPICO
GÊNEROS: Bothrops e Bothrocophias.
NOMES POPULARES: Jararaca, jararaca-pintada, jararaca-da-Amazônia, surucucu, caiçaca, jararacuçu, cotiara, urutu-cruzeiro ou cruzeira, jararaquinha-do-rabo-branco.
INCIDÊNCIA: Aproximadamente 90,5% dos acidentes ofídicos.
LETALIDADE: 0,3%.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA: Todo o Brasil.
ATIVIDADES PRINCIPAIS DO VENENO: proteolítica (atividade inflamatória aguda), coagulante e hemorrágica.
SINTOMAS DA VÍTIMA: dor, sangramento no local da picada, edema (inchaço) no local da picada e pode evoluir por todo membro, hemorragias (gengivorragia, hematúria, sangramento em ferimentos recentes), equimose, abscesso, formação de bolhas e necrose. Hipotensão e choque periférico em acidentes graves. Tempo de coagulação sanguínea prolongado. Risco de insuficiência renal aguda.
SORO: Anti-botropico ou anti-botropicolaquetico ou anti-botropicocrotalico.

Jararaca ou Surucucu (Bothrops atrox)



Jararaquinha-do-rabo-branco (Juvenil de Bothrops atrox) 


Jararacuçu  (Bothrops jararacussu)


Jararaca ou Caissaca  (Bothrops moojeni)



Jararaca-pintada ou Boca-de-sapo  (Bothrops matogrossensis) 


Jararaca-pintada ou rabo-de-osso  (Juvenil de Bothrops matogrossensis)


Urutu-cruzeiro ou Cruzeira  (Bothrops alternatus) 


Urutu-cruzeiro ou Cruzeira  (Bothrops alternatus) 



ACIDENTE CROTÁLICO
GÊNERO: Crotalus.
NOMES POPULARES: Cascavel, boicininga e maracambóia.
INCIDÊNCIA: Aproximadamente 7,7% dos acidentes ofídicos.
LETALIDADE: 1,8%.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA: Ocorrem nas áreas abertas (campos, cerrados e caatinga) em todas regiões do Brasil. Na Amazônia, a cascavel está presente nas manchas de campos e cerrado em Rondônia, Amazonas, Pará, Amapá e Roraima.
ATIVIDADES PRINCIPAIS DO VENENO: neurotóxica, miotóxica e coagulante.
SINTOMAS DA VÍTIMA: edema discreto ou ausente, dor discreta ou ausente, parestesia, ptose palpebral, diplopia, visão turva, urina avermelhada ou marrom. Insuficiência respiratória aguda em casos graves. Tempo de coagulação sanguínea prolongado.
SORO: Anti-crotálico ou anti-botropicocrotalico.


Cascavel  (Crotalus durissus)



GRUPO III ACIDENTE LAQUÉTICO
GÊNERO: Lachesis (Figs. 21 e 22).
NOMES POPULARES: Surucucu-pico-de-jaca, pico-de-jaca, bico-de-jaca e surucutinga.
INCIDÊNCIA: 1,4%.
LETALIDADE: 0,9%.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA: Amazônia e na Mata Atlântica, da Paraíba até o norte do Rio de Janeiro.
ATIVIDADES PRINCIPAIS DO VENENO: proteolítica (atividade inflamatória aguda), hemorrágica, coagulante e neurotóxica.
SINTOMAS DA VÍTIMA: semelhante ao acidente botrópico com dor, edema e equimose, formação de bolhas, gengivorragia e hematúria. Difere do acidente botrópico devido ao quadro neurotóxico: bradicardia, hipotensão arterial, sudorese, vômitos, náuseas, cólicas abdominais e distúrbios digestivos (diarréia). Risco de insuficiência renal aguda.
SORO: Anti-botropicolaquetico.  
Surucucu-pico-de-jaca  (Lachesis muta) 




ACIDENTE ELAPÍDICO
GÊNEROS: Micrurus e Leptomicrurus (Figuras 23-26).
NOMES POPULARES: Coral-verdadeira, cobra-coral ou coral.
INCIDÊNCIA: Menos de 1% dos acidentes ofídicos.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA: Todo o Brasil.
ATIVIDADE PRINCIPAL DO VENENO: neurotóxica.
SINTOMAS DA VÍTIMA: dor local, parestesia, ptose palpebral, diplopia, sialorréia (abundância de salivação), dificuldade de deglutição e mastigação, dispnéia. Risco de insuficiência respiratória nos casos graves.
SORO: Anti-elapídico.  
Coral-verdadeira  (Micrurus lemniscatus) 


Coral-verdadeira  (Micrurus hemprichii)


Coral-verdadeira  (Micrurus remotus)


Coral-verdadeira  (Micrurus surinamensis)



PREVENÇÃO DE ACIDENTES
  • Sempre que for andar nas florestas, andar calçado. Cerca de 80% das picadas acontecem do joelho para o pé, sendo 50% na região do pé. O uso de botinas ou botas preveniria melhor do que um tênis;
  • Evitar acúmulo de lenhas, entulhos e lixos próximos a moradias humanas;
  • Cerca de 15% das picadas atinge mãos ou antebraços. Usar luvas de aparas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas, etc. Não colocar as mãos em buracos;
  • Não colocar as mãos dentro de buracos do solo ou de árvores;
  • Olhar para o chão quando estar andando em trilhas;
  • Evitar andar a noite, pois é o horário de maior atividade das serpentes venenosas;
  • Ao sentar-se no chão, olhar primeiro em volta;
  • Ao encontrar uma cobra, avise o resto da turma sobre onde ela se encontra e procure desviar-se dela. Lembre-se de que ela está em seu habitat natural e é você quem é o invasor;
  • Onde há rato há cobra. Limpar paióis e terreiros, não deixar amontoar lixo. Fechar buracos de muros e frestas de portas.






PRIMEIROS SOCORROS
  • Manter a vítima calma;
  • Manter o paciente deitado;
  • Evitar esforços físicos, como correr, por exemplo;
  •  Manter o paciente hidratado;
  •  Lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão;
  • Procurar um hospital o mais rápido possível, procurando tentar saber antes se o mesmo possui soros anti-ofídicos;
  • Se possível, levar a serpente causadora do acidente pra facilitar o diagnóstico.



Não fazer
  • Torniquete ou garrote no membro picado, pois poderá agravar o acidente, aumentando a concentração do veneno no local;
  • Perfurações ou cortes no local da picada, porque pode aumentar a chance de haver hemorragia ou infecção por bactérias;
  • Não cortar ou perfurar o local da picada;
  •  Não colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes;
  •  Não oferecer bebidas alcoólicas, querosene ou outros tóxicos.



Referências: Assustadores e Venenosos Disponível em: <http://www.fiocruz.br/sinitox_novo/media/animais_peconhento_1.pdf>